Bife no prato, CO2 no ar: Como a dieta baseada em carne impacta o clima mundial

Bife no prato, CO2 no ar: Como a dieta baseada em carne impacta o clima mundial

Bife no prato, CO2 no ar: Como a dieta baseada em carne impacta o clima mundial

Este artigo não tem a pretensão de realizar a apologia à filosofia vegana, porém contra números não há argumentos, talvez explicações. Quando analisamos o nosso perfil alimentar de consumo e o impacto que ele gera sobre o meio ambiente, principalmente sobre a emissão dos gases tipo estufa, ficamos com a sensação de que o nosso posicionamento, e por vezes atitudes, quanto às discussões acaloradas sobre a pegada de carbono ou mudança da matriz energética são assuntos muito menos eficazes e relevantes quanto a sua resolutividade em comparação ao repensar, pelo menos, de mudança dos hábitos do que comemos e principalmente de sua quantidade ou periodicidade.

Os números mostram que o avanço da indústria da carne animal tem consumido áreas de florestas nativas importantes para o sus desenvolvimento principalmente na América do Sul, neste quesito tanto o Brasil e o Paraguay se destacam fortemente. Mas a abordagem que quero dar não é crucificar o mundo rural por esta devastação e perigo eminente quanto aos impactos sobre o clima devido a geração de gases estufa.

Vamos tentar analisar pelo dado do gerador da demanda da indústria de carne e derivados, ou seja, o consumidor, nós mesmos!

A produção global de carne aumentou rapidamente nos últimos 50 anos – como podemos ver, a produção total mais do que quadruplicou desde 1960.

A produção global de carne bovina nos últimos 60 anos saltou de 29 para 77 milhões de toneladas representando um aumento 165 %. Da mesma forma o Brasil passou de 1,4 para 9,8 milhões de toneladas que representam um acréscimo de 600%. Crescemos quase quatro vezes mais rápido do que o mundo em produção.

Porém tanto a indústria de carnes de aves e suínas também aumentaram sensivelmente sua produção como podem ser vistas nas figuras logo a seguir. A produção avícola subiu de 9 para 138 milhões de toneladas caracterizando-se num aumento de assustador de 1400 %. Por sua vez, a produção suína de 25 para 120 milhões de toneladas com o acréscimo de 380%.:

É evidente que números absolutos são questionáveis pois não se considerou o aumento populacional ou aumento de renda. Assim vamos realizar esta comparação para eliminarmos quaisquer dúvidas dos mais “carnívoros”.

 

 

O mundo passou de 23 para 42 kg/per capta o que significa um aumento de 82%. Este aumento nas tendências da carne per capita significa que a produção total de carne tem crescido a uma taxa muito mais rápida do que a taxa de crescimento populacional. Da mesma forma, nota-se que os grandes consumos per capta continuam ser os países mais desenvolvidos.

 

 

O consumo de carne é mais elevado nos países de rendimento elevado (com os maiores consumidores de carne na Austrália. O europeu e o norte-americano médio consomem em média de 90 a 100 kg per capta, respectivamente. É notório que as mudanças de hábitos para o consumo de carne nos países de maior renda têm sido muito mais lentas do que se esperaria devido às novas tendencias e recomendações por um perfil mais saudável de dieta.

Contudo, nosso intuito não é pelo campo da validade ou não da importância da adição de proteínas e calorias na dieta alimentar via carne animal.

A nossa discussão e análise é o impacto que a adoção de um regime alimentar pode causar ao meio ambiente e ao clima. A discussão nos parece bastante pertinente já que o poder decisório está muito mais em nossas mãos do que a maioria de outros temas e fatos associados à questão central: vida e planeta sustentável.

Vamos analisar os efeitos de vários tipos de alimentos e seus impactos na geração de CO2 equivalente emitido durante suas produções, transporte e consumo.

Nesse sentido, o impacto das carnes bovinas e suínas e derivados são importantes. Destaca-se as carnes bovinas que representam o triplo de emissão de CO2 eq. por quilograma de produto em relação ao segundo colocado, também produto animal.

Nossa análise, porém, não pode ser distorcida, já que, nosso balanço energético alimentar não consome quantidades iguais de alimentos, portanto, o gráfico anterior por mais impactante que seja, não é conclusivo e ainda pode distorcer uma análise correta do impacto dos alimentos sobre o meio ambiente.

 

 Assim, dois requisitos ou motivos importantes, para qual, as carnes de origem animal são adicionadas na dieta alimentar devem ser adicionados à discussão e análise, a fim de que, possam servir como parâmetros de referência comparativa entre todos os elementos participantes da dieta alimentar. Neste sentido, iremos analisar a seguir a geração de CO2 eq. por certa quantidade de proteína e de calorias para cada alimento e compará-los. Assim com a mesma base poderemos indicar quais realmente são mais impactantes ao meio ambiente.

 

Quando comparamos o efeito de vários alimentos que são dispostos para geração de proteínas em nossa dieta alimentar podemos verificar que a carne bovina para a mesma quantidade de proteína necessária em nossa alimentação impacta em nosso meio ambiente 2.6 vezes mais do que uma carne de cordeiro, 6.4 vezes uma carne suína, 11.6 vezes ovos e aproximadamente 49 vezes uma dieta com grãos.

Seguindo o mesmo raciocínio iremos realizar o balizamento mediante o comparativo em quilocalorias, ou seja, o impacto da emissão de gases efeito estufa ingerindo alimentos diferentes para gerar a mesma quantidade energética em quilocalorias necessários para dieta alimentar.

Novamente a carne bovina é a que impacta mais e em larga margem o segundo colocado (1,4 vezes) e é muito superior aos demais alimentos em grande margem.

 

Por fim, é interessante como os alimentos utilizam em área para serem produzidos para a mesma demanda de quilocalorias necessárias para nossa alimentação.

 

Este gráfico revela a disparidade de terra necessária para a ingestão das mesmas quilocalorias necessárias em nossa dieta quando comparamos a carne bovina e de cordeiro com as demais. Valores de 5 a 100 vezes mais impactantes.

 

 Esse indicador revela também mediante a utilização de necessidade de mais área maior será o custo de oportunidade do sequestro de carbono, bem como, de eutrofização e agua necessária para produção.

A conclusão do diagnóstico não pode ser referenciada totalmente pelos dados apresentados pois, a simples exclusão de carne animal de nossa dieta em nome de uma melhor gestão ambiental não se suporta simplesmente pelos indicadores apresentados anteriormente, pois, a visão tem que ser complementada pelo impacto nutricional, fisiológico e, da nutrologia de um alimento em nosso bem-estar. Contudo, é fato que o modus operante de nossos hábitos atuais gera impactos severos em nosso planeta e por conseguinte em nossas vidas. Se faz imperativo que façamos uma real avaliação e assim consequentemente, desenvolvamos a atitude de dosar efetivamente, de forma mais responsável e seletivamente, nossos consumos, experimentando alternativas mais sustentáveis devido a urgência de gerações de soluções que o problema requer.

 

 Sem ser especialista, mas continuar consumindo carne aos padrões australianos não faz sentido nem para o planeta e muito menos para nossa saúde.

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