COP28: O desafio urgente da transição para uma energia sustentável

COP28: O desafio urgente da transição para uma energia sustentável

Pedro N. Lacava

Após o encerramento da COP28, o mundo se depara com o dilema de ver o copo meio cheio ou meio vazio quando se trata de ações concretas para enfrentar as mudanças climáticas. Pela primeira vez, a necessidade de uma transição gradual e racional dos combustíveis fósseis foi explicitamente mencionada, embora com algumas falhas significativas em termos de metas e prazos. É crucial destacar que o prazo final estabelecido é 2050, com a meta já definida: alcançar o net zero em emissões. Independentemente da trajetória escolhida, o ponto final está claro.

 

No entanto, os mais pessimistas argumentam que a falta de um compromisso firme e claro em eliminar completamente as fontes de combustíveis fósseis é frustrante, como um verdadeiro “balde de água congelada”. As declarações vagas e sujeitas a interpretações diversas sobre o caminho a ser seguido na transição energética deixam em suspense como os principais atores nessa jornada planejam agir.

 

Por outro lado, uma visão mais otimista e realista pode considerar a COP28 como um momento histórico, já que conseguiu incluir, de forma indelével, as palavras “combustíveis fósseis” no texto final, apesar de estarem rodeadas por uma complexa linguagem diplomática. Para muitos, pode passar despercebido o significado dessas palavras para o futuro do planeta, dada a quantidade de recursos sintáticos atenuantes presentes no texto.

 

Olhando para o copo meio cheio, o compromisso de triplicar os investimentos em fontes renováveis é uma notícia auspiciosa, embora ainda falte clareza sobre como e quando esse investimento será realizado. Em 2022, foram investidos 1,1 trilhão de dólares, sugerindo que, até 2030, poderíamos alcançar 3,3 trilhões de dólares investidos anualmente. No entanto, estimativas sérias indicam que para atingir o net zero em 2050, serão necessários investimentos da ordem de 130/150 trilhões de dólares nos próximos 30 anos (base 2020), o que equivale a 4/5 trilhões de dólares anualmente. Estamos no caminho certo, mas a urgência do momento requer que corramos como nunca antes.

 

As indefinições são cruciais para o futuro do planeta, mas também são confortáveis para o “status quo”, que continua com uma visão imediatista, inercial e predatória. Em última análise, saímos da COP28 com a sensação de que “tudo foi combinado, mas nada foi resolvido”.

 

Agora, a responsabilidade recai sobre Belém, onde a COP30 provavelmente será influenciada pelos desafios da Amazônia e poderá finalmente levar a discussão a níveis mais determinantes, com resoluções práticas e definitivas em prol da mãe natureza e de todos nós. A lentidão atual nos lembra que, diante da urgência do momento, andaremos a pé, mas teríamos que correr como um raio. O futuro está em nossas mãos, e a COP28 foi apenas o começo de uma jornada crítica para a sustentabilidade global.

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