Fontes Renováveis em Ascensão: A Lenta Transição da Matriz Energética Global

Energia -Aisha

Fontes Renováveis em Ascensão: A Lenta Transição da Matriz Energética Global

Vinte anos se passaram e a matriz de energia elétrica mundial ainda possui grande influência da participação dos combustíveis fósseis em sua composição.

 

 

Quando analisamos o perfil de geração de energia elétrica (TWh ) ao longo dos últimos 20 anos podemos observar que os valores de consumo subiram de 15107 para 28689 TWh representando acréscimo de 47.3%. Por outro lado, o perfil da demanda MWt per capita elevou-se de 2.46 para 3.63 MWh/pessoa resultando no acréscimo de 32.2%. O que nos leva a considerar um considerável ganho de eficiência energética, o que por si só já é algo a se comemorar. De outra forma, o mundo gerava 0,44 kwh para produzir 1 dólar, ao passo que , em 2022 foi necessário apenas 0,28 kwh para produzir o mesmo valor significando um acréscimo de produtividade de 57,3 %. Assim, seja o parâmetro que seja escolhido realmente estamos mais eficazes quanto a utilização de nossa matriz energética.

 

 

Mas como nem tudo são flores, quando comparamos o perfil da matriz de composição das diversas fontes, fósseis e renováveis, notamos que a participação dos combustíveis fósseis continua extremamente representativa, passando de 64,4 para 61,2 que significou uma redução de 5%, o que é insignificante perante as metas e necessidades impostas por todos os governos. Mas tendo a visão do “copo meio cheio” é inegável o crescimento das fontes renováveis ao longo destes últimos vinte anos. No início dos anos 2000 as fontes eólicas e solares eram praticamente desprezíveis e as fontes renováveis eram representadas praticamente pelas de geração hídrica, ou seja 17.3% do total gerado. Após vinte anos, a participação das fontes renováveis atingiu a expressiva marca de 25,6% de participação, sendo que a eólica e solares juntas contribuíram com 11,3% do total gerado. É para comemorar não fosse o fato de que este crescimento da participação no “bolo energético” foi muito mais decorrente do decréscimo da participação da energia nuclear e hídrica do que das fontes fosseis. Porém, o ceticismo nos afronta novamente quando consideramos de fato que a produção de energia pelas fontes de origem fóssil cresceu em volume 74% nos últimos vinte anos. Por outro lado, o pessoal “do copo meio cheio” pode alegar que as energias oriundas de fontes solares e dos ventos suplantaram os dez mil pontos percentuais de crescimento. O diagnóstico cru e verdadeiro reside no fato que o crescimento do nosso desenvolvimento ainda foi as custas em grande parte devido as fontes fósseis e também como novo  player as fontes eólicas e solares , deixando as fontes nucleares e hídricas em taxas de crescimento estacionarias.

 

 

Não há como acreditar que observando o perfil de geração dos últimos vinte anos exista uma inflexão súbita e abrupta que modifique os valores dos combustíveis fosseis à valores comprometidos para 2040.

 

 

Por mais que a taxa de crescimento das fontes limpas seja animadora e é importante dizer, potencialmente poderiam substituir na sua totalidade às fosseis. Assim vejamos, por exemplo, o estudo da Universidade de Stanford e da Universidade da Califórnia em Irvine, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences em 2017, que estimou o potencial técnico de energia eólica no mundo seria de cerca de 11.000 TW, considerando uma altura de 100 metros acima do solo e uma densidade de potência média de 2 W/m2 poderíamos gerar por volta de 24.000TWh anualmente. Portanto, este valor poderia substituir toda a matriz energética atual. Apesar de tudo isso, elas não conseguirão compensar a tempo o volume ainda a ser gerado pela matriz cinza. Há área disponível mesmo considerando as restrições perante a biodiversidade que devem ser abordadas firmemente, porém não há efetivamente vontade econômica e política e agora, tempo para fazê-la. Da mesma forma, os CCS não serão capazes em volume de captar todo os gases gerados por usinas térmicas ou de plataformas de petróleo.

 

Na verdade, não existe uma única solução somente que irá salvar o planeta. Fica evidente que medidas duras em relação ao consumo tanto em quantidade como modo devem ser revistos. O planeta não irá suportar o perfil atual de geração energética por muito mais tempo e, portanto, há de se pensar seriamente como utilizar nossas fontes de energia fósseis de forma mais comedida e racional. O grande desafio que nos afronta agora mesmo é: como de forma mágica podemos desativar grande parcela das fontes cinzas sem parar o mundo?! Estamos preparados?!!

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